A Linha 1 tem como foco a investigação das condições sociais e intelectuais da produção e da circulação do conhecimento científico nas mais diversas áreas do conhecimento, bem como a análise das trajetórias e das estratégias dos diversos agentes – instituições ou indivíduos – em suas disputas por reconhecimento. Esse objetivo central implica analisar, por um lado, as relações entre a produção científica e a sociedade mais ampla – mercados, Estados, movimentos sociais, filantropia – e, por outro lado, a relação entre os agentes e os meios de produção e de difusão do conhecimento – escolas, universidades, laboratórios, revistas e sociedades científicas. A linha é formada por pesquisadores de diversas instituições e países, diversidade que permite o diálogo a partir de tradições acadêmicas distintas e a realização de análises comparadas entre objetos, contextos e períodos históricos distintos. São várias as áreas do conhecimento ou ciências abordadas – biologia, história, engenharia, economia, sociologia, psicologia, ecologia, saúde –, bem como as práticas científicas – publicação, circulação internacional, congressos científicos, associações etc. 

Pode-se dividir o conjunto das propostas em quatro categorias principais: 1. Estudos sobre determinadas ciências, sua produção ou circulação (geográfica, disciplinar ou para públicos distintos); 2. Estudos sobre instituições de produção ou difusão do conhecimento, como universidades, laboratórios, agências internacionais, Think tanks; 3. Estudos sobre trajetórias de cientistas, como formação, profissionalização, circulação internacional e engajamento político; 4. Estudos sobre estratégias específicas no campo da difusão científica, como publicações em revistas científicas, formação de círculos intelectuais, fundação de instituições. 

A maior parte dos pesquisadores da Linha 1 adota alguma abordagem da sociologia histórica ou da história social, cuja premissa é a crítica aos estudos puramente “internalistas” e aos puramente “externalistas”, ou seja, os que supõem a autonomia do conhecimento em relação aos condicionantes sociais e intelectuais e os que propõem sua explicação por meio de fatores materiais. Entre esses dois extremos – idealismo e materialismo – os pesquisadores reunidos na Linha 1 adotam por premissa a especificidade da prática científica, ou seja, a existência de um campo científico, com autonomia relativa, o que significa que as determinações ou explicações para as produções ou trajetória científicas devem levar em conta as hierarquias legítimas nesse campo, as propriedades dos diversos agentes (seus capitais específicos) e as controvérsias associadas às posições que ocupam no campo.