SciCi

Linha 1 

membros e pesquisa

Pesquisadores brasileiros

Marcia Consolim – Docente e Pesquisadora – UNIFESP (Coordenadora do GEP - Linha 1)

Título da pesquisa: Circulação Internacional das Ciências Sociais: Brasil, França e Estados Unidos (1920-1945) 

Esta pesquisa consiste em um estudo comparativo das ‘ciências do homem’ praticadas na França e no Brasil e objetiva analisar de que maneira alguns fatores sociológicos impactaram a recepção da ‘psicologia social’ americana no período entre guerras em ambos os países. Pretende-se evidenciar os seguintes aspectos: 1. A posição de ambos os países no espaço transnacional e a relação que ambos mantinham com os Estados Unidos através de instituições de financiamento públicas ou privadas; 2. O papel desempenhado por cada tradição intelectual nacional, brasileira e francesa, em relação às novas ciências do homem; 3. A trajetória social e intelectual dos agentes, em particular no que se refere ao ensino superior, à profissionalização e à circulação internacional de intelectuais em  ambos os países; 4. O papel da institucionalização das ciências do homem nos diversos níveis de ensino - primário, secundário e superior -, bem como nas instituições científico-técnicas de política social. Isso envolve mostrar que, apesar das diferenças, os dois contextos intelectuais desenvolveram as mesmas oposições: a psicologia social norte-americana era percebida como mais positiva e científica em oposição ao conhecimento filosófico ou abstrato de inspiração francesa. Essas percepções resultavam, em ambos os casos, da circulação de pesquisadores norte-americanos na França e no Brasil com financiamento da filantropia norte-americana. Por fim, o mesmo tipo de adaptação de novos conhecimentos pode ser observado em ambos os contextos nacionais, resultando em maior ecletismo teórico e metodológico. As diferenças entre as duas recepções dizem respeito às relações entre intelectuais e Estado e com as instituições de ensino: no Brasil, a ‘psicologia social’ era praticada por médicos e prestigiada por educadores reformistas, sendo institucionalizada no ensino superior já nos anos 1930; na França, referiu-se a um debate sobre as fronteiras entre psicologia e sociologia no círculo durkheimiano e de seus concorrentes, cujo impacto institucional se restringiu a instituições científicas extrauniversitárias nesse período.


Adriano Codato – Docente e Pesquisador – Universidade Federal do Paraná – UFPR

Título da pesquisa: O estudo do lobby empresarial nos periódicos do campo da saúde: uma revisão sistemática

Na Ciência Política, estudos sobre lobby se preocupam em averiguar se é possível vincular o resultado da ação dos decisores políticos com a força ou fraqueza da pressão exercida pelo grupo de interesse, ou constatar convergência entre a agenda legislativa com as agendas de agentes organizados. Há muitos artigos que falam sobre o tema também no campo da saúde, mas ainda não sabemos se há diferenças entre as abordagens publicadas nestes periódicos e nos das ciências sociais. Este trabalho pretende fazer uma revisão de literatura a partir de artigos em periódicos da área da saúde, indexados nas bases bibliográficas Scopus, Web of Science e PubMed. Uma primeira busca foi realizada com uma string, cujos termos remetem ao lobby empresarial, resultando em 246 artigos (167 na Scopus, 36 na Web of Science e 43 na PubMed). A triagem inicial se deu a partir da leitura dos títulos, resumos e palavras-chave, tendo como critérios de inclusão apenas textos em inglês e que tivessem o lobby empresarial na saúde como objeto de pesquisa, totalizando 40 textos revisados. Os 40 artigos serão analisados com base nos seguintes itens de interesse: a definição de lobby presente no artigo; se essa definição está sustentada na literatura; os métodos e técnicas de pesquisa empregados; qual setor do empresariado é representado pelo lobby na área da saúde; qual o empresariado, em específico, é representado pelo lobby; quem faz o lobby; qual instituição estatal ou ator político foi alvo do lobby; o que foi defendido por quem realizou o lobby; localidade geográfica; quais são as conclusões e resultados sobre lobby empresarial desses artigos. A hipótese é de que estudos sobre lobby empresarial nos periódicos de saúde caracterizam-se majoritariamente por utilizarem a metodologia do estudo de caso, terem como objeto de pesquisa a indústria tabagista e adotarem conclusões normativas sobre a regulação da atuação da citada indústria.


Allana Meirelles Vieira – Docente e Pesquisadora –  Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Araraquara.

Título da pesquisa: “Opiniões à venda: oposições políticas e divisão do trabalho intelectual na mídia”

É graduada em Comunicação e em Ciências Sociais, e mestra em Comunicação pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Pesquisa nas áreas de Sociologia do Jornalismo, da Cultura, e dos Intelectuais. Em sua tese, buscou analisar as condições sociais das tomadas de posição mais à direita ou mais à esquerda dos intelectuais midiáticos no Brasil contemporâneo, partindo de dois momentos de crise recentes: o impeachment de Dilma Rousseff e a eleição de Jair Bolsonaro. Ao tomar esses intelectuais midiáticos como objeto de estudo, adotou como recorte de análise uma zona fronteiriça entre a universidade e o jornalismo, mas também com inter-relações com os campos político, econômico e literário – zona esta denominada como “mercado de opiniões”. A tese apresentou as correlações entre as tomadas de posição dos intelectuais midiáticos e as posições que eles ocupam nesse mercado – as quais se relacionam também com as trajetórias traçadas, os capitais acumulados e as disposições incorporadas – assim como traçou as hierarquias e polos que estruturam esse espaço: o dos especialistas, o dos acadêmicos, o dos jornalistas mainstream, o dos jornalistas blogueiros, o dos polemistas e o dos militantes. Ademais, demarcou a predominância das lógicas mais econômicas em relação às lógicas mais intelectuais nesse mercado de opiniões.


Ana Maria Fonseca de Almeida – Docente e Pesquisadora da Faculdade de Educação – UNICAMP

Título da pesquisa: Mulheres na Ciência – uma investigação sobre ativismo de especialistas na política científica

As últimas décadas assistiram ao avanço sem precedentes de iniciativas para combater desigualdade de gênero em diferentes dimensões da vida social. A política científica não ficou imune a isso. Iniciativas para garantir maior participação feminina na ciência podem ser encontradas hoje em todos os continentes. A análise preliminar da literatura da área indica que esses desenvolvimentos se devem ao trabalho de indivíduos que atuam ao mesmo tempo como especialistas e ativistas nos espaços nacionais e também nas agências internacionais, como a UNESCO e muitas outras. Quem são esses indivíduos? Que recursos mobilizam no seu esforço para introduzir o combate à desigualdade de gênero em políticas científicas? Essas são perguntas que essa pesquisa pretende responder, por meio do estudo de um caso específico – o projeto STEM and Gender Advancement (SAGA). Lançado em 2015 pela UNESCO, esse projeto tem como objetivo oferecer a governos e formuladores de políticas ferramentas para embasar iniciativas que tenham como objetivo reduzir a desigualdade de gênero em ciências, tecnologia e inovação em todos os níveis de educação e pesquisa. O estudo será realizado por meio da análise de documentos da UNESCO, de currículos e biografias publicados, e também por meio de entrevistas com atores relevantes. Isso permitirá identificar os indivíduos que participaram do desenvolvimento do projeto SAGA, estudar suas trajetórias profissionais e, por fim, as estratégias que desenvolveram e os recursos de que dispuseram para alcançar seus objetivos. Espera-se, ao final, oferecer uma contribuição para a sociologia do ativismo mas, em especial, do ativismo de especialistas que circulam no espaço internacional lutando pela igualdade de gênero na ciência apoiados em conhecimentos obtidos em pós-graduações de prestígio e no renome advindo de suas carreiras de pesquisadores em ciências sociais.


Antônio da Silveira Brasil Jr. - docente e pesquisador/ Departamento de  Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ 

Título da pesquisa: "Sociologia na imprensa: debate público, reflexividade e democratização   (1940-1960)"

Este projeto tem como objetivo identificar e analisar a presença da sociologia no debate público entre os anos 1940 e 1960, período crucial de sua afirmação e legitimação como disciplina científica no Brasil. Para tal, mapearemos os artigos publicados por sociólogos – bem como as notícias que façam referência aos seus trabalhos – em jornais e revistas de ampla circulação, de modo a detectar como a sociologia se fez presente   nos principais debates e conflitos que atravessaram a sociedade brasileira em meados do século passado. Nossa hipótese é que a sociologia operou como uma espécie de metalinguagem que, traduzindo o debate público nos termos das categorias sociológicas, pôde conferi r (em alguns casos) sentido e motivação aos atores sociais em suas práticas e disputas concretas. O mapeamento da participação dos sociólogos no debate público permitirá localizar suas produções no interior das principais clivagens e linhas de conflito dos anos 1940-1960, revelando os variados sentidos políticos da sociologia em contexto de democratização problemática da sociedade brasileira.

Augusto Junior Clemente – Docente e Pesquisador - Universidade Federal do Paraná (UFPR) - Setor Litoral

Título da pesquisa: 

Breno Bringel – Docente e Pesquisador – IESP – Instituto de Estudos Sociais e Políticos – UERJ/RJ

Título da pesquisa: A experiência do Centro Latino-americano de Pesquisas em Ciências Sociais (CLAPCS) e os estudos latino-americanos no Brasil

Este projeto, vinculado a Bolsa Jovem Cientista do Nosso Estado (FAPERJ) e Bolsa Prociência (UERJ), se insere nas fronteiras da história da sociologia, a geopolítica do conhecimento e os estudos latino-americanos. Busca discutir a trajetória dos estudos sobre a América Latina no Brasil, enfatizando, como um de seus principais capítulos iniciais, a experiência pioneira do Centro Latino-americano de Pesquisa em Ciências Sociais (CLAPCS), fundado em 1957 no Rio de Janeiro. Parte-se da hipótese de que há uma relação intrínseca entre as reconfigurações geopolíticas/geoeconômicas/geoculturais (baseadas nas alterações das relações entre espaço e poder e na posição da América Latina no sistema mundial ao longo do tempo) e a emergência de geopolíticas do conhecimento que configuram um olhar das Ciências Sociais, e particularmente da Sociologia, para a América Latina como região. Embora o foco principal seja a análise dessa relação entre geopolítica do poder e geopolítica do conhecimento entre as décadas de 1950 e 1970 (período de funcionamento do CLAPCS), serão explorados também, após o fechamento do centro, os novos rumos dos estudos latino-americanos no Brasil em consonância com as transformações geopolíticas e com as mudanças acontecidas no interior das ciências sociais.


Elisa Klüger – CEBRAP – pós-doutorado FAPESP

Título da pesquisa: O espaço brasileiro dos intelectuais e o Chile de 1964 a 1973: influências teóricas, políticas e sociais do exílio

Este projeto de consagra-se ao exame das trajetórias e das redes de relações de cientistas brasileiros – em particular, cientistas sociais e economistas – asilados no Chile entre 1964 e 1973 e das reconfigurações do espaço dos intelectuais e da política ocorridas uma vez reposicionados no Brasil. O estudo tem cinco objetivos concatenados: 1) Caracterizar socialmente a população estudada e delinear a estrutura de polaridades do espaço social por eles constituído. 2) Retraçar o processo de costura de laços no exterior 3) Verificar se houve uma tendência de aproximação de indivíduos com propriedades sociais semelhantes. 4) Discutir o papel que escolas regionais e instituições internacionais tiveram no acolhimento dos asilados. 5) Tematizar ideias, expertises e repertórios políticos com os quais os asilados tiveram contato no exterior e 6) Observar a mobilização de trunfos adquiridos no exterior e as retraduções das teorias e das concepções de desenvolvimento, política e sociedade no Brasil da redemocratização. A pesquisa baseia-se em entrevistas com intelectuais brasileiros que estiveram no Chile no período. Os dados advindos das fontes orais e documentais são combinados para construir uma base prosopográfica e um rol de laços entre os agentes, de modo a indicar as interações entre disposições sociais, tomadas de posição e vínculos envolvendo agentes e instituições.


Helena Sampaio – Docente e Pesquisadora da Faculdade de Educação – UNICAMP

Título da pesquisa: Ensino superior no Brasil e na França: influências napoleônicas em contextos de grandes transformações dos sistemas nacionais na contemporaneidade

Embora a literatura aponte, de forma recorrente, a presença de influências do modelo de universidade napoleônico na formação do ensino superior em muitas partes do globo, não há aprofundamento sobre a natureza, o alcance e a permanência de elementos do modelo do século XIX nos arranjos e respostas organizacionais dos diferentes sistemas nacionais na atualidade. Este projeto propõe este aprofundamento com foco no ensino superior no Brasil e na França. Seu objetivo é investigar a resiliência de influências do modelo napoleônico e os seus efeitos no sistema brasileiro e no sistema francês em contextos de grandes transformações pelas quais ambos os sistemas passam neste século. Proponho responder às seguintes questões: i) que elementos da universidade imperial napoleônica permanece nos sistemas de ensino superior francês e no sistema brasileiro, orientando suas dinâmicas institucionais e respostas organizacionais? iii) que elementos de outros modelos de universidade (como o humboldtiano e o de pesquisa norte-americano) se mesclam a elementos do modelo napoleônico no sistema brasileiro e no francês ainda hoje? iv) que modelos de universidade estão sustentando - e também impedindo - os processos de mudança do ensino superior no Brasil e na França na contemporaneidade? A principal hipótese deste projeto de pesquisa, formulada a partir de estudos anteriores, é que as transformações pelas quais o ensino superior brasileiro passa nos últimos 50 anos não alteram o seu padrão de regulação nem as suas dinâmicas institucionais que ainda conservam elementos de influências napoleônicas desde a sua formação no século XIX. Esses elementos se manifestam em pelo menos três dimensões: i) na centralidade do título de bacharel, especialmente das três escolas voltadas para a formação de profissões imperiais, na hierarquia acadêmica brasileira; ii) na organização do sistema em faculdades de formação profissional; iii) no forte controle do governo central sobre a regulação do sistema nacional. A pesquisa se apoia em fontes documentais e em entrevistas com pesquisadores do campo de pesquisas sobre ensino superior no Brasil e na França.


João Marcelo Ehlert Maia – Docente e Pesquisador na Fundação Getúlio Vargas – FGV - RJ.

Título da pesquisa: Ciência e engajamento na Guerra Fria: a sociologia latino-americana nas décadas de 1960 e 1970

Ao longo das décadas de 1960 e 1970, diferentes sociólogos latino-americanos escreveram sobre o que acreditavam ser a “crise” da disciplina e o dilema entre engajamento e cientificidade, juntando-se a um debate que também era central nos Estados Unidos. Nomes como Aldo Solari, Costa Pinto, Orlando Fals Borda, Pablo Casanova e Gino Germani, entre outros, inseriam-se num campo de atuação intelectual moldado pela Guerra Fria no qual diferentes culturas sociológicas se cruzavam. Revistas, editoras e institutos de pesquisa e de intercâmbio acadêmico eram os principais agentes desse campo que transcendia fronteiras nacionais e permitia a formação de redes, alianças e contatos entre latino-americanos e norte-americanos. A pesquisa propõe uma abordagem transnacional desse contexto para analisar um conjunto selecionado de objetos empíricos: a) os textos e os livros que, no período citado, contribuíram para a circulação de conceitos, ideias e referências a respeito da natureza da sociologia moderna e do significado do engajamento dos cientistas sociais; b) o Instituto Latino-Americano de Relações Internacionais (ILARI) e a sua revista Aportes, editada entre os anos de 1966 e 1972; c) as redes organizadas em torno da editora Transactions e do cientista social Irving Horowitz.


Luiz Augusto Campos - docente e pesquisador/UERJ

Título da pesquisa: "Desigualdades e diversidade nas ciências naturais e humanas brasileiras"

A pandemia da COVID-19 recolocou no centro do debate público a importância da produção científica para a gestão de uma sociedade global e de risco. Isso vale não apenas para as disciplinas mais diretamente ligadas à crise sanitária, como as ciências da vida, mas também para áreas indireta e potencialmente úteis diante do novo contexto de emergências globais como as geociências, ciência da computação, matemática etc. No entanto, os eventos recentes também chamaram a atenção para os limites próprios dos modos de organização do mundo da ciência, especialmente no que toca suas desigualdades internas. As políticas de isolamento social e o incremento das tradicionais atividades de cuidado doméstico tiveram como efeito quase imediato a diminuição de submissões de artigos acadêmicos assinados por mulheres em todo o mundo e no Brasil, reduzindo ainda mais a participação das cientistas nas pesquisas em curso. Paralelamente, o fortalecimento de movimentos antirracistas levou não apenas à denúncia do viés racial e econômico da pandemia, mas também da falta de diversidade racial no mundo científico.

Diante disso, este projeto delineia os marcos de um levantamento sobre o perfil social e demográfico do(a)s cientistas brasileiro(a)s das ciências naturais e hymanas. Nosso foco recairá sobre as desigualdades de classe, raça e gênero em suas múltiplas dimensões, bem como sobre seus impactos nas trajetórias desses e dessas cientistas. Para tal, o levantamento se valerá de distintos métodos de pesquisa como a raspagem de bancos de dados públicos como as plataformas Sucupira (CAPES) e Lattes (CNPq), bem como a aplicação de um questionário virtual com os pesquisadores credenciados em programas de pós-graduação das respectivas áreas elencadas.

Maria Carlotto – Docente e Pesquisadora – Universidade Federal do ABC/UFABC

Título da pesquisa: A mudança estrutural do espaço intelectual brasileiro e a emergência de novos padrões de internacionalização das elites dirigentes (1998-2018)

Este projeto pretende analisar as transformações estruturais que marcaram o espaço nacional de produção e difusão de conhecimento entre 1988 e 2018, buscando relacionar esse processo com a emergência de novos padrões de internacionalização das elites brasileiras, em particular aquelas portadoras de saberes de Estado. Por transformações estruturais do espaço nacional de produção e difusão de conhecimento, compreende-se o processo pelo qual as universidades de pesquisa, que concentraram historicamente a função de produção e difusão de conhecimento legítimo no país e, paralelamente, de formação das suas elites dirigentes, passaram a disputar espaço com outras instituições, em particular, os centros privados de investigação, também conhecidos como Think Tanks, e as instituições privadas de ensino de elite, criadas ou fortalecidas nesse período. A hipótese central desta pesquisa é que a mudança estrutural do espaço de produção e difusão de conhecimento é inseparável dos novos padrões de internacionalização das elites nacionais, que emergem como reação às mudanças morfológicas ligadas aos processos de expansão, diversificação e descentralização do ensino superior brasileiro, tanto na graduação quanto na pós-graduação, particularmente nas universidades públicas, nos últimos 20 anos. A pesquisa procura dar conta, ainda, das disputas que atravessam o espaço intelectual brasileiro a partir da expansão e relativa democratização do ingresso no sistema educacional do país em todos os níveis, em particular no ensino superior, investigando em que medida o embate em torno dos critérios de certificação e legitimação dos intelectuais brasileiros contemporâneos compromete a autonomia do campo intelectual, que deve, portanto, ser mais bem compreendido como um espaço social de posições hierarquizadas, mas sem o reconhecimento de regras compartilhadas para regulamentar as disputas.


Miguel Palmeira – Docente e Pesquisador – Departamento História/USP

Título da pesquisa: Avaliação da pesquisa e circulação do conhecimento: normas e práticas de publicação de periódicos acadêmicos no Brasil

Esta pesquisa trata das transformações recentes da produção e da circulação de conhecimento sob forma de artigo científico nas Humanidades no Brasil. Ao longo das duas últimas décadas, os periódicos acadêmicos assumiram um caráter central na vida intelectual brasileira: eles reforçaram seu papel de veículo privilegiado da produção científica “atualizada” e se converteram em base para a aferição daquilo que se convencionou chamar de produtividade de docentes-pesquisadores. Esse processo acarretou novidades para o modo de trabalho e os projetos intelectuais dos profissionais das Humanidades. Tradicionalmente ciosos dos livros como suporte mais nobre de apresentação de suas ideias, historiadores, cientistas sociais, filósofos, críticos literários etc. passaram a se mover em um universo no qual o artigo científico é a espécie mais rentável de expressão do trabalho intelectual – ao menos junto àquelas instâncias (indexadores de periódicos e agências de fomento à pesquisa) socialmente reconhecidas como capazes de ordenar hierarquicamente os produtores e os produtos do conhecimento. Propõe-se aqui uma investigação das novas dinâmicas intelectuais desta era dos periódicos acadêmicos no campo universitário brasileiro, observando aquilo que ele deve a condições locais de produção e a injunções transnacionais de modelagem e avaliação da pesquisa em Ciências Humanas. A ênfase do trabalho recairá sobre os periódicos brasileiros editados prioritariamente por e para historiadores. A História é um campo de observação interessante por duas razões principais, ambas relacionadas a características específicas da profissionalização da disciplina histórica no Brasil: 1) é um domínio das Humanidades particularmente poroso em termos de fronteiras disciplinares, e tomá-lo em consideração implica olhar para as experiências de disciplinas vizinhas sem inviabilizar a circunscrição de um objeto de pesquisa tangível; 2) é um universo de produção de conhecimento especialmente resistente a certas regras sancionadas como ótimas de edição de periódicos científicos (publicação de texto em inglês, supressão de notas de rodapé, publicação em coautoria etc.), o que explicita as tensões entre as ordens “velha” e “nova” de produção e circulação de artigos científicos. Em diálogo com a crescente literatura especializada sobre o tema, serão examinados documentos da CAPES para a classificação das revistas científicas (o Qualis periódicos); normas de publicação e diretrizes de avaliação de avaliação de artigos adotadas por revistas no campo da História; testemunhos colhidos em entrevistas semi-estruturadas com agentes de produção de periódicos de historiadores profissionais.


Rogerio Monteiro Siqueira – Docente e Pesquisador na Escola de Artes, Ciências e Humanidades – EACH/USP

Título da pesquisa: O mercado transatlântico de impressos e Instrumentos para engenheiros e a circulação de teorias científicas no Brasil (1840-1930)

Esse projeto tem por objeto a circulação e o mercado de impressos, instrumentos e outros artefatos científicos e tecnológicos no Brasil, desde o começo do Segundo Império (por volta 1840) até o fim da Primeira República (por volta de 1930), a partir de uma perspectiva transnacional, ou seja, pensando-o como parte de uma rede internacional de mercadores especializados no mundo científico. A princípio, pretende-se descrever quais eram os principais agentes de impressos e instrumentos locais ou que atuavam aqui no Brasil, no período, que serviços e quais objetos costumavam oferecer. Além desse levantamento mais exaustivo, pretende-se também tomar como objeto de estudo personagens, impressos e tecnologias que parecem desfrutar de um lugar privilegiado nessas redes, figurando como importantes mediadores culturais. Nessa segunda parte, também trata-se de enfatizar a circulação de algumas teorias, como o positivismo, as matemáticas modernas, as tecnologias para as estradas de ferro, tendo como ponto de vista as lógicas culturais e econômicas descritas na primeira parte da pesquisa.


Pesquisadores extrangeiros

Arnaud Saint-Martin - chargé de recherche au CNRS et membre du Centre Européen de Sociologie et Science Politique (CESSP – Paris).

Título da pesquisa: L’essor du « New Space » et ses conséquences dans l’industrie spatiale américaine

Au tournant des années 2010 aux États-Unis, une rumeur insistante se répand et excède le périmètre de l’industrie aérospatiale, via des relais médiatiques et des « influenceurs » de la « tech » qui ne font guère mystère de leur fascination : selon les termes, une « révolution », un « changement de paradigme », une « renaissance » même bousculerait le statu quo hérité de l’âge spatial surgi dans les années 1950. Ce « New Space » se caractériserait, entre autres traits, par de nouvelles méthodes de travail, l’enthousiasme entrepreneurial du startuping de la Silicon Valley, l’usage de technologies peu coûteuses et faciles à usiner, à commencer par les nanosatellites, les lanceurs légers et les infrastructures numériques ; et ces technologies d’être développés d’un même élan en réponse aux promesses de croissance exponentielle du marché des applications spatiales, avec l’apport financier de l’industrie du capital-risque et des milliardaires du capitalisme technologique et/ou de plateforme. C’en serait dès lors fini de l’astronautique de Guerre froide, du gigantisme de la Big Science et de la supériorité des grandes organisations de l’aérospatiale, agences spatiales comprises. Le spatial se « démocratiserait » et entrerait dans une phase inédite de son histoire. À l’amorce de la décennie 2020, un consensus tend à dominer sur l’état de l’industrie : si le « business as usual » domine encore pour les firmes historiques les plus installées du complexe militaro-industriel, comme Boeing, Lockheed Martin ou Northrop Grumman, lesquelles peuvent toujours compter sur les mannes des appels d’offres et les contrats de la NASA ou du Département de la Défense (la nouvelle « Space Force » promet des rentrées substantielles), la lente mais sûre montée en puissance d’entrants « agressifs » sur ce marché, SpaceX en emblème à présent inévitable, crédibiliserait le grand récit du New Space. La donne aurait changé pour de bon. Enjointes à s’adapter, les grandes firmes du spatial historique (« Old Space », « 1.0 », « heritage » ou « legacy space ») répondent sans surprise par « l’innovation ouverte », les rachats de jeunes pousses et la mise sur le marché de services commercialisés sous les apparences de la « hype » du New Space. La recherche que je présenterai dans le cadre de ce réseau de spécialistes de sociologie et d’histoire des sciences et techniques propose de rompre avec ces récits endogènes, de l’effet de nouveauté qu’ils véhiculent jusque dans l’espace public, pour leur substituer une analyse des modes de structuration de ce que ce les insiders appellent « l’écosystème » des startups du NewSpace. Sur la base d’une enquête de cours menée aux États-Unis depuis 2017 (en cours d’achèvement), on envisagera le fonctionnement de cette dite nouvelle économie de l’espace à partir de l’industrie des « petits satellites », souvent présentée comme l’un des ingrédients de cette rupture de l’histoire spatiale. Sans épuiser les caractéristiques techniques, organisationnelles et économiques de ce commerce de l’espace « 2.0 », l’on s’intéressera plus particulièrement à l’interdépendance des entreprises – des startups aux entreprises installées de l’aérospatiale – qui s’en réclament, dans cette filière implantée dans des « niches écologiques » repérables, ainsi qu’à leur dépendance « 1.0 » à l’égard grandes donneurs d’ordre et clients de l’État fédéral, dont certaines organisations comme la NASA se plaisent à souligner qu’elles ont toujours participé du développement de l’« État entrepreneurial ». Cette enquête se veut ainsi une contribution à la sociologie des sciences et techniques exposées aux standards et valeurs du régime néolibéral des sciences (Philip Mirowski).


Christian Dayé - (Researcher – Science, Technology and Society (STS) Unit, Graz University of Technology, Austria)

Título da pesquisa: Operationalizing the System: Internationality and Interdisciplinarity at the IIASA, 1972-1992

The project is a continuation of earlier studies by Dayé in the history of the social sciences, more precisely in the history of techniques of social prognosis (Dayé 2016; 2018; 2020). Many of these techniques originated at the RAND Corporation, a US Air Force-financed think tank located in Santa Monica, CA, but then travelled nationally and internationally (Light 2003). One of these techniques was systems analysis, and a major international place to where systems analysis travelled was the International Institute for Applied Systems Analysis, IIASA (Duller 2016; Levien 2000). Located in Laxenburg, Austria, IIASA was the first research organization where funded by states from each side of the Iron Curtain, researchers from East and West were expected to collaborate on problems of global scope. In the course of the 20th century, the term “system” had become widely used in the sciences and the public sphere, across all disciplinary and social boundaries. The project investigates which conditions enabled “system” to become a means of interdisciplinary and international collaboration. It does so by exploring the history of several strands of research that were developed in the 1970s and 1980s at IIASA. Here, the term system operated as a boundary object (Star and Griesemer 1989), and it did so in a double sense. It assembled scientists from various backgrounds, thus allowing for interdisciplinary collaboration. And it brought together researchers from many parts of the world, thus enabling scientific exchange across the political and ideological divides that characterized the second half of the 20th century. Focusing on a selection of IIASA’s research programs, among the urban growth, nuclear siting, and the management of large rivers, the project investigates how consensus on the system under scrutiny was negotiated across disciplinary boundaries and across the potential frictions caused by different political interests. It combines archival research and qualitative text analysis with advanced methods of quantitative empirical research (Social Network Analysis, Citation Analysis) to reconstruct the shaping and trajectories of the various systems developed at IIASA. The project makes use of the fact that as manifestations of a specific culture, methods of scientific research embody a pre-theoretical understanding of the world on behalf of those who create, develop and use them. It will therefore contribute to an improved understanding of how models inform political decisions on a global scale.


Fernanda Beigel - Investigadora del CONICET - Profesora-Sociología Latinoamericana. Centro de Estudios de la Circulación del Conocimiento-CECIC. Universidad Nacional de Cuyo-INCIHUSA, CCT-Mendoza, Argentina

Título da pesquisa: Mariátegui y el nacimiento de la Sociología Latinoamericana

Los Siete Ensayo de Interpretación Peruana (1928) de José Carlos Mariátegui implicaron una lectura crítica y enriquecedora del Marxismo y un intenso compromiso con el conocimiento producido localmente sobre la historia del Perú. El autor dialoga con Francisco García Calderón, que integró la Societé de Sociologie de Paris y participó activamente en la Revista de América, durante las primeras décadas del Siglo XX. García Calderón inaugura los “estudios nacionales” y la interpretación dualista de la sociedad peruana oponiendo una costa moderna versus a una sierra tradicional y atrasada habitada por indígenas. La transición desde Calderón a Mariátegui, o sea de El Perou Contemporain a los Siete Ensayos tiene cuatro aspectos. En primer lugar, el paso desde el “estudio nacional” hacia el análisis de la realidad peruana entendida como “el problema del Indio”. En segundo, el paso del Positivismo al Marxismo, del dualismo a la heterogeneidad estructural. En tercero, el cambio radical en la práctica de escritura académica desde París a la escritura desde los movimientos sociales de Lima. En cuarto y último lugar, el movimiento teórico y práctico desde Perú a América Latica como proceso histórico y como comunidad intelectual. La revista Amauta y sus redes de publicación/circulación articularon a intelectuales y artistas de todos los países, sentando las bases para la consolidación de un circuito regional (Beigel, 2006a). Con Mariátegui, la Sociología Latinoamericana encontró su locus y su práctica en medio de la academia y la política, una bisagra en la que se amplió su enfoque particular, en diálogo con las tradiciones locales, regionales y europeas.


Matthias Duller - Central European University, Vienna. Department of History

Título da pesquisa: East-West academic exchange in the cultural cold war

In 1956, the US-American Ford Foundation signed a deal with the government of the Polish People’s Republic over a fellowship program for academics, with which several hundred intellectuals traveled to the US and Western Europe for one or two semester study and research visits within the next decade. This was the earliest academic exchange program across the ‘Iron Curtain’ that was successfully implemented during the phase of de-Stalinization. Soon followed similar arrangements with Yugoslavia and Hungary, and later Bulgaria, Romania, and the German Democratic Republic under its follow-up organization IREX. Together with a parallel exchange program with the Soviet Union, several thousand academics from the East European Communist-led countries experienced extended stays in otherwise hardly accessible Western countries through these fellowship programs. The political motivation on the side of the Ford Foundation and the US-American government was to expose the strategically important group of social scientists, humanities scholars, artists, journalists and others, to life in the West in the hope that this experience would contribute to anti-Communist sentiments and possibly even produce dissidents. The Communist governments, on the other hand, saw an opportunity to get access to advanced knowledge in various fields of scholarship—from social science methodology, economics and management techniques to physical sciences, technology and engineering. The crucial conflict between the two parties evolved over the selection process of the fellows that mostly decided whether the program produced critical (and possibly anti-Communist) intellectuals or contributed to educating the Communist intelligentsia. This project studies the political history of American-led exchange programs for East European social scientists and asks, in particular, for the effects that these programs had in different East European countries. To that end, it performs archival research on the background of three of the earliest and biggest exchange programs—the Ford Foundation’s East European Program 1956-1968, the Inter-University Council on Travel Grants (IUCTG) that had administered Soviet-American scholar exchange since 1958; and the International Research and Exchanges Board (IREX) that brought together the East-West academic exchange programs from the Ford Foundation and IUCTG in 1968 and continued these activities until the breakup of the socialist bloc in 1989/91. Second, it studies the attitudes within the various Communist Party leaderships toward the issue of American exchange programs to assess their hopes and fears and the kind of interventions they undertook to maximize their goals. Third, it analyzes the changing structure of the population of fellows in terms of disciplines, seniority, and career paths. In addition, the personal experience of a selection of former fellows will be studied by way of oral history interviews. By this design, the project aims at uncovering the mechanisms through which the transatlantic exchange program affected the intellectual and political positions of the social sciences in different East European countries during the Cold War.


Pierre Verschueren – Pesquisador no Centre Lucien Febvre, Université de Franche-Comté.

Título da pesquisa: La recherche médicale comme profession, de l'INH à l'Inserm (France, 1941- 1964)

En France comme dans d'autres pays occidentaux, les formes concrètes du travail scientifique ont connu une transformation majeure au cours des vingt années qui ont suivi la Seconde Guerre mondiale, transformation qui a affecté presque toutes les disciplines, avec la naissance de politiques publiques de la recherches, la restructuration de l'organisation de la recherche, et la dimension de plus en plus collective du travail de laboratoire, qui d'une part nécessite des équipements toujours plus couteux et d'autre part permet l'émergence d'une génération de chercheurs de plus en plus spécialisés. Ce projet propose d'étendre aux sciences médicales l'étude de ce processus (que j'ai pu étudier pour les sciences physiques), et l'analyse des mécanismes sociaux qui ont mené à cette profonde transformation du métier, des pratiques et des champs scientifiques. Le cas de la médecine est particulièrement crucial, du point de vue d'une sociohistoire des sciences comme activité professionnelle, car dans ce domaine la montée en puissance de la recherche scientifique se traduit par l'apparition de nouvelles normes et de nouvelles carrières professionnelles, ancrées dans le laboratoire, plutôt que par la transformation d'anciennes pratiques et habitudes. Si la transformation est moins spectaculaire qu'en sciences physiques, faute de cyclotrons, elle est ainsi à certains égards plus radicaux, car elle tend à remettre en cause la domination séculaire de la médecine anatomoclinique, à la fois hospitalière et libérale, sur la médecine biologique et expérimentale, en laboratoire - que soulignait déjà Michel Foucault (1963). L'élite médicale, même universitaire, est ainsi avant tout une élite de la pratique, technique et sociale, c'est-à-dire du soin et de l'expertise, et dans un troisième temps seulement une élite scientifique. Or cet état de fait, solidement ancré socialement et institutionnellement, est progressivement confronté, après 1945, aux améliorations thérapeutiques qu'offre le recours à des disciplines comme la physiologie et la biologie. Avec ce que Jean-Paul Gaudillière (2002) appelle "l'invention de la biomédecine", le laboratoire de biologie entre ainsi en concurrence avec le service hospitalier comme site principal de genèse des savoirs et des innovations à valeur médicale. La légitimité scientifique et universitaire peut dès lors espérer faire jeu égal avec la légitimité clinique et hospitalière. Ce projet entend éclairer cette reconfiguration du champ médical au travers d'un point d'observation central : l'Institut national d'hygiène (INH) - devenu en 1964 l'Institut national de la santé et de la recherche médicale. L'INH a été créé en 1941 avec une mission double : effectuer des études de santé publique et coordonner les enquêtes sanitaires à mener dans le pays. Cette mission est cependant redéfinie au début de l'année 1946, sous l'impulsion de Robert Debré et Louis Bugnard : tout en conservant un objectif premier de santé publique, l'INH se dote d'un conseil scientifique, entreprends de constituer un corps de médecins-chercheurs et finance une série de laboratoires de recherche, en particulier en physique médicale. L'INH permet surtout à une génération de jeunes médecins de consacrer plus de temps à la recherche que n'avaient pu le faire leurs prédécesseurs, en leur distribuant des bourses, en leur trouvant des espaces de travail, et en organisant leur circulation internationale. L'objectif du projet est de construire une analyse prosopographique de cette population nouvelle de chercheurs-médecins, en mobilisant le corpus constitué par les dossiers de carrière des chercheurs de l'INH et de l'Inserm actifs entre 1941 et 1964.


Sebastien MOSBAH-NATANSON - Maître de conférences en sociologie - Faculté des lettres, Sorbonne Université. Coordinateur pédagogique ERASMUS.

Título da pesquisa: La globalisation contemporaine de la sociologieliação da pesquisa e circulação do conhecimento: normas e práticas de publicação de periódicos acadêmicos no Brasil

La sociologie est-elle devenue globale en ces premières années du 21 siècle ? Si l'on constate que la sociologie est désormais devenue une discipline académique et universitaire dans un grand nombre de pays à l'échelle du globe, il est toutefois nécessaire de s'interroger sur les formes prises par ce développement et sur les inégalités qui existent encore entre régions du globe. Notre recherche visera donc à documenter l'état global de la sociologie, en s'intéressant à la fois à son institutionnalisation à l'échelle globale mais aussi aux fortes disparités et aux obstacles qui se dressent encore pour que la sociologie devienne globale. On s'interrogera aussi sur la dimension globale de la sociologie en examinant les paradigmes, les thématiques et les méthodes qui distinguent les sociologies pratiquées dans diverses parties du monde.


Wolf Feuerhahn - Pesquisador - CNRS - Labex HASTEC 

Título da pesquisa: "Geisteswissenschaften, lettres, humanities, social sciences... Une enquête transnationale sur des catégories savantes (de 1850 à nos jours)"

A l’heure où les sciences humaines et sociales revendiquent, à juste titre, l’importance   d’une démarche réflexive, les catégories à l’aide desquelles on les décrit, distingue, regroupe ou organise font encore trop peu l’objet d’enquêtes au risque de charrier et reproduire des inconscients historiques. Ces méta-catégories (Gesistswissenschaften, Sozialwissenschaften, Kulturwissenschaften, lettres, sicence de l’homme, sciences humaines, sciences sociales, moral sciences, humanities, social sciences...) ne sont toutefois ni anodines ni dépourvues d’effets performatifs.


Le projet aimerait ausculter les enjeux de toutes natures liés aux choix de ces méta-catégories. Pour ce faire, il adopte une optique résolument interdisciplinaire, mobilisant tant l’histoire intellectuelle et sociale de la philosophie et des sciences, la pragmatique linguistique que les approches transnationales. Il ne vise pas l’exhaustivité. Il est borné par des périmètres non nationaux, mais linguistiques : ceux des aires francophone, germanophone et anglophone sur une période qui court du début du XIXe siècle jusqu’à nos jours. Il s’agit d’inclure des mondes aux dynamiques variées : non seulement des situations empruntées aux espaces britanniques, états-uniens, français et allemands, mais aussi, pour prendre quelques exemples, les Universités allemandes de Prague ou de Tartu, des espaces colonisés comme la faculté des lettres d’Alger, plusieurs institutions beyrouthines (Université Saint-Joseph, École des lettres, Syrian Protestant College puis American University of Beirut), certains colleges britanniques en Inde, mais aussi des espaces européens plurilingues comme la Suisse.

Yann Renisio - Pos-Doutorando – Uppsala University -

Título da pesquisa: Trajectoires sociales et spécialisations médicales.

La profession de médecin est à la croisée de la science et du soin. Dans les faits, la division du travail est forte entre ceux qui s'occupent des patients et ceux qui s'occupent de la science. À partir de données françaises et suédoises, cette recherche vise à comprendre les logiques sociales à l'œuvre dans ce partage des rôles et les principes concurrents de hiérarchisation entre ces activités. Pour comprendre les ressorts de ces transformations, j’analyserai les différentes bifurcations dans les trajectoires d’individus partageant une même aspiration initiale en classe de terminale : s’inscrire en faculté de médecine à la suite du baccalauréat. Ce suivi sur plus de six ans ouvre l’accès à une compréhension plus fine et plus complète des processus à l'œuvre dans la transformation des aspirations. La longueur des études médicales, ses conditions d’accès particulièrement strictes, mais aussi la multiplicité des principes de différenciation auxquelles elles ouvrent (spécialité, mode, lieu d’exercice) constitue donc un cas idéal (en terme de faisabilité et de qualité des matériaux). À ces avantages viennent s’ajouter la richesse des données nominatives rendues publiques sur les étudiants de médecine et les médecins.


Núcleo Discente

Aline Chiaramonte - (Doutora em Sociologia pela FFLCH-USP):

Título da pesquisa: Cultura e poder: a universidade pública na imprensa diária brasileira”.

Doutora e Mestra em Sociologia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). Graduada em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). Pesquisa nas áreas de Sociologia do Jornalismo, da Educação, da Cultura e dos Intelectuais.


Bruno Marco Cuer - (Doutorando pelo PPG-CS - UNIFESP (Bolsista FAPESP)):

Título da pesquisa: Entre acadêmicos e youtubers: um estudo sobre a diversificação do campo intelectual na era dos influenciadores digitais (2010-2020)

No âmbito da sociologia da difusão científica, esta pesquisa se propõe a investigar as fronteiras entre a difusão científica e as ciências sociais a partir de um estudo das trajetórias sociais e intelectuais de dois diferentes grupos: de um lado, de agentes do campo de produção científica, como professores universitários e pesquisadores e, de outro lado, de agentes do campo midiático, conhecidos como influenciadores digitais. Diante das novas estratégias de difusão científica e de circulação das ciências sociais pela internet – fotos, vídeos, textos e áudios em plataformas digitais como Twitter, Facebook, Instagram, entre outras, – pretende-se investigar: 1. Pontos possíveis de intersecção – ou ainda de subordinação progressiva –, entre/do o campo científico e/ao campo midiático; 2. Homologias de posição no reconhecimento entre: a) o “intelectual público” – que passa a circular pela internet na lógica do usuário profissionalizado e b) o influenciador que passa a mobilizar capital científico como forma de reconhecimento e distinção; 3. Estratégias transversais de reconversão de capital científico em capital midiático; 4. A posição do “intelectual público” e do “intelectual específico” na contemporaneidade, bem como as formas de questionamento das hierarquias legítimas em ambos os campos. Embora a internet pareça horizontalizar a lógica da difusão, por meio das redes e plataformas digitais – o que se opõe à lógica vertical das instituições acadêmicas e publicações científicas – trata-se de compreender de que modo esse novo mecanismo de difusão interfere no deslocamento das fronteiras e das hierarquias de legitimidade de cada um dos campos de produção simbólica.


Eduardo Vilela Silva - (Graduado em Ciências Sociais pela EFLCH - UNIFESP):

Título da pesquisa: Expansão do Ensino Superior: Trajetórias docentes e disputas na constituição do campus Guarulhos, UNIFESP (2012)”.

A partir dos anos 2000 teve início um processo de reestruturação e expansão das universidades federais brasileiras (REUNI). O plano configurou uma expansão do corpo discente e docente, e abriu caminho para uma discussão do papel da universidade para além de suas lógicas internas tradicionais.

Os embates envolvendo a gênese e localização do Campus Guarulhos estão diretamente conectados com essas novas questões referentes ao acesso à Universidade e a sua função social.

Assim, o objetivo desta pesquisa é investigar as tomadas de posição dos docentes que se manifestaram nesse processo e associar suas manifestações às respectivas trajetórias sociais e intelectuais, o que implica investigar suas propriedades socioeconômicas, intelectuais e profissionais, ou seja, a posição ocupada na universidade.


Jônatas Pantoja - (doutor – Sociologia/USP):

Título da pesquisa: “Do Oeste para o Leste: Progressive historians e o campo intelectual nos Estados Unidos (1890-1930)”.

A investigação se concentra em um grupo de historiadores acadêmicos que assumiu posição heterodoxa na emergente disciplina histórica norte-americana. Considerando a posição social dominada do grupo, busca-se mensurar os impactos das transformações sociais, econômicas e políticas na formação de um feitio social disciplinar divergente, cujos efeitos são discerníveis no perfil de carreira, na agenda intelectual e nas tomadas de posição nos debates disciplinares travados no período. A pesquisa se propõe a fazer uma história social dos historiadores, atentando para os condicionantes sociais que incidem na gênese de um modelo alternativo de produção historiográfica. O trabalho tem como objetivo entender os efeitos sobre a vida intelectual produzidos pelas assimetrias regionais históricas entre o Leste (desenvolvido/dominante) e o Oeste (em desenvolvimento/dominado). A hipótese central é que a origem regional e a formação acadêmica inicial no Oeste, o posterior deslocamento para o Leste (Nova Inglaterra) e a dicção crítica dos textos são indicativos dos conflitos simbólicos que incidiram sobre a atividade dos Progressive historians, especialmente no que diz respeito à defesa de uma interpretação histórica relativista contrária aos pressupostos de objetividade defendidos pelos historiadores New Englanders. Mais do que atentar para a lógica que rege os embates entre estabelecidos e outsiders, a pesquisa evidencia como a consolidação de uma perspectiva historiográfica está sujeita a componentes sociais que regulam seu desenvolvimento. O declínio de uma historiografia de genética tradicional e conservadora no contexto das convulsões sociais do fim do século 19, a ampliação dos direitos civis, a democratização do acesso à educação superior e a expansão do mercado editorial, que apostava em novos temas, ajudam a compreender as condições favoráveis que permitiram a circulação, promoção e consolidação de um paradigma historiográfico contrário às antigas ortodoxias. Para dar cabo da proposta, faço uso do método prosopográfico, por permitir que se construa, a partir das experiências comuns daqueles historiadores, um modelo de análise capaz de dar discernimento aos fatores sociais que orientaram sua produção intelectual.


Marcelo José de Sousa - (mestrando – Ciências Sociais/UNIFESP):

Título da pesquisa:

Bacharel em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Desenvolveu pesquisa sobre História das Ciências em Portugal no século XVIII (PIBIC-CNPQ) e sobre a Iconografia Brasileira do século XIX (PET-História). Atualmente pesquisa sobre História das Ciências do Homem, no Brasil, na primeira metade do século XIX. O objeto do estudo é a influência da Psicologia Individual de Alfred Adler na intersecção dos campos da psicologia, medicina e educação


Mariana Ladeira Osés - (Doutoranda em história social pela FFLCH-USP ):

Título da pesquisa: Os "mestres franceses" e a "moderna historiografia brasileira": a sociogênese de um esquema de leitura historiográfico”.

A presença de Fernand Braudel na “missão francesa” fundadora do Departamento de História da Universidade de São Paulo é usualmente tida como origem de uma relação genética entre a dita “historiografia uspiana” e a historiografia dos Annales. Apesar do nível de arraigamento da crença nessa “herança”, poucos estudos críticos foram conduzidos a respeito das contradições e anacronismos que ela entretém, bem como a respeito de sua historicidade e de seu desenvolvimento diacrônico. Nesta pesquisa, propõe-se suprir essa lacuna analisando-se, em perspectiva comparada, o desenvolvimento histórico da noção de “herança dos Annales” na USP e em outros polos de produção historiográfica brasileiros onde atuaram agentes que nutriram, ao longo do século XX, relações estreitas com o grupo francês. Com isso, objetiva-se investigar de que modo a reivindicação dessa “herança” é impactada pelos contextos institucionais; pelas trajetórias individuais desses agentes; pelas mutações no campo historiográfico brasileiro e pelas alterações da posição dos Annales na historiografia francesa e mundial. Avança-se, assim, a hipótese de que essa “herança” não seja monolítica e estável, mas, pelo contrário, multifacetada e diacronicamente mutável, modulada tanto pelas disposições subjetivas dos agentes que a enunciam quanto pelas mudanças históricas nas condições objetivas de produção historiográfica no Brasil e na França.


Rafael do Nascimento de Andrade - (mestrando – Ciências Sociais/UNIFESP):

Título da pesquisa: A Cadeira de Psicologia na Universidade de São Paulo (1945-1955): Otto Klineberg e a Psicologia Social Norte-Americana.

O propósito desta investigação se assenta nas investigações sociais e intelectuais do processo de circulação da Psicologia, tanto enquanto ciência quanto como profissão, norte-americana pelo Brasil, mais especificamente em São Paulo, através do mapeamento da trajetória, das práticas e das contribuições do psicólogo Otto Klineberg - intelectual canadense que figura como principal agitador da fundação de aparatos institucionais voltados à disciplina, como sociedades de classe e reformas universitárias. A chegada do norte-americano, em 1945, gera relativo abalo nas tradições médicas e filosóficas da Psicologia, estas últimas, encarnadas na figura de Jean Maugué, catedrático de Filosofia que desenvolvia os temas de maneira isolada em suas aulas. Propõe-se estudar o desenvolvimento social e histórico da disciplina à luz das trajetórias dos principais agentes envolvidos neste processo (como assistentes, autores da coletânea organizada pelo psicólogo norte-americano e participantes da fundação da Sociedade de Psicologia de São Paulo) em paralelo com os esforços para a institucionalização e a legitimação da mesma no espaço social, em geral, e no campo científico, mais especificamente


Tsamyiah Carreño Levi - (Doutoranda em Educação, Linha Educação e Ciências Sociais, UNICAMP):

Título da pesquisa: 

Estudante de doutorado em Educação, linha Educação e Ciências Sociais, na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Licenciada em Ciências Sociais e mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Tem experiência de pesquisa em Sociologia, com ênfase em estratégias educativas e a relação entre instituições escolares e famílias. Atualmente, pesquisa gênero e ciência, engajamento e mudança institucional, focando a análise na difusão de esquemas de certificação e prêmios para igualdade de gênero na ciência.


Victor Alves de Abreu - (mestrandoCiências Sociais/UNIFESP):

Título da pesquisa: Do dom ao habitus: um estudo das disposições musicais e profissionais dos alunos da EMESP Tom Jobim

Este projeto propõe investigar a gênese das disposições musicais e das carreiras profissionais dos estudantes da EMESP Tom Jobim - tradicional escola de música do Estado de São Paulo, fundada em 1989 -, referentes ao 4º ciclo das habilitações em "Prática Instrumental Avançada" erudita e popular. Pretende-se averiguar em que medida determinadas trajetórias sociais e os respectivos capitais acumulados durante tais cursus se traduzem subjetivamente em um sistema de disposições práticas, ou seja, como se dá a formação das preferências estéticas dos alunos que orientam suas escolhas musicais e futuros profissionais. Propõe-se ainda a analisar em que medida a EMESP atua sobre tais preferências e habilidades, tendo em vista que se supõe que sua posição como instituição de ensino colabora ou constrange a consolidação das eventuais carreiras profissionais dos alunos. Portanto, a partir da construção e comparação de perfis sociais e musicais dos estudantes visados, como também do perfil da escola através de seus documentos institucionais, este projeto adota como hipótese que as inclinações profissionais no mundo musical, comumente atribuídas ao discernimento do "dom", são antes produtos da incorporação subjetiva de condições objetivas.