Eventos - Linha de Pesquisa n° 1

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O Segredo das Senhoras Americanas: intelectuais, internacionalização e financiamento na Guerra Fria Cultural.

Data: 03/10/2023 - 18h

Palestrante: Marcelo Ridenti: IFCH - Unicamp

Debatedor: Luiz Carlos Jackson: FFLCH - USP

Resumo: O livro sintetiza anos de pesquisa sobre a internacionalização de intelectuais – no sentido amplo que abarca certos artistas e estudantes – nas circunstâncias da Guerra Fria, especialmente nos anos 1950 e 1960. Analisa o círculo internacional comunista, onde atuaram Jorge Amado e seus camaradas da América Latina. Também trata do lado ocidental, organizado no Congresso pela Liberdade da Cultura, sediado em Paris, patrocinador da revista Cadernos Brasileiros com fundos dos Estados Unidos. Investiga ainda o intercâmbio oferecido a estudantes – que mais tarde se tornariam intelectuais, políticos e profissionais de destaque – para conhecer gratuitamente a Universidade Harvard e o modo de vida americano. Essas três passagens resultaram de financiamento internacional no contexto de disputa por corações e mentes na Guerra Fria, sem recursos do Estado brasileiro.

O título do livro faz referência a esta última passagem, custeada pela Associação Universitária Interamericana, organizada por um grupo de mulheres de executivos estrangeiros. Elas nunca esconderam que parte dos fundos vinha de empresas multinacionais, nem que houvesse algum suporte oficial dos Estados Unidos. Mas souberam guardar segredo sobre o montante e sua procedência específica, pois sabiam que a descoberta afastaria o interesse de estudantes de esquerda a quem pretendiam cativar com a estada de cerca de um mês em seu país. O objetivo da obra é analisar sociologicamente passagens que podem iluminar a compreensão da Guerra Fria cultural naquele momento de modernização da sociedade brasileira, quando se contava com a participação de intelectuais para alcançar o desenvolvimento. As questões estruturais – abarcando as lutas entre capitalistas e comunistas, capitaneados pelos Estados Unidos e pela União Soviética, depois também por Cuba – foram abordadas a partir de experiências de pessoas e grupos que constituíram suas relações e redes de sociabilidade. A hipótese central do livro é que intelectuais participaram ativamente da disputa das grandes potências, apesar de não estarem a par de todos os fatos nem dominarem plenamente as regras do jogo. Foram usados pelas potências e suas instituições, contudo também souberam atuar com relativa autonomia, sem necessariamente se definir por um dos lados, criticando-os e também negociando com eles.

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